Pensar apenas não me limita — é como se eu fosse um diálogo permanente, com a minha alma e com Deus.
Penso que andar por aí seria uma fluência, uma convergência, e um colapsar de atrito entre mim e o próximo. Ao me comover, tento entender o que faz a diferença — e o sentido é que há paz, à qual me ligo, o bem-estar. A me questionar de onde me vem o atrito, o mal — já parei para me perguntar. E sei o que devo fazer: perdoar. Mesmo que constantemente, ainda assim, no furor de uma altivez, luto em perdoar. A me segurar, ainda assim, falho.
Percebo a razão, não como coerência de se estar sensato, mas como forma de aliviar o mal. Assim, o mal feito procede a me justificar, e a me entristecer. Sou uma espada com recuo — onde ela bate e volta. O mal feito, assim, a me machucar. Mesmo buscando o senso de justiça, sou eu a condenar. No tribunal, seria eu suspeito. Ainda assim, se não for Deus a guardar-me e julgar-me, não há quem me faça perfeito.
Busco tempo, a sensibilidade que me conduz à loucura de me disfarçar. Entendo: o bem que faço cegamente, faço mal. Todo juízo vem de Deus, e quando personifico Jesus Cristo, elevo minha vontade a Ele. Quem há de me envergonhar, ditar meu viver ou julgar-me incapaz?
Assim, movo-me pela vontade que me guia. Vou pelo desejo — mas ele me consome. Vou pela necessidade — e sou miserável. Olho profundamente por dentro. A verdade não é um caminho, e a vida não é uma verdade. Mas o Caminho e a Vida libertam a verdade. E Jesus disse: “Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida.” Assim, Ele a concilia.
São feitos de integridade o fruto do conhecimento do bem e do mal. Adão e Eva comeram — assim sendo, como a serpente disse: “Sereis como Deus.” Para a vista ingénua, Eva não refletiu que já somos a imagem e semelhança de Deus, sendo Cristo o primogénito de todos nós — agora reconciliados n’Ele.
Ele, que se assenta no trono, não é erro. Mas é Ele que desata os selos e escreve no Livro da Vida. Sobre os nossos pesos e pecados, Ele veio reconciliar-nos, e escrever os nossos nomes no Livro.
Se Deus buscasse tronos, não seríamos à Sua semelhança. Há um sentido da vida — o sabor, o calor. Dos gostos, nascem expressões e discernimentos. Dos caminhos, pecados e erros, o que nos faria perfeitos seria a conciliação e a aceitação — dolorida ou dispersa no tempo. O que nos é gravado: a memória, o reconhecimento e o juízo.
Não nos devemos manifestar no ódio da altivez, mas na dor de ver um poço seco e clamar por água no deserto — engolir a seco as ofensas. Saber perdoar. Passar essa vergonha — sobre o juízo.
Das loucuras que ouço das pessoas que me veem, eu sinto todas. Em qualquer momento, converso metaforicamente no sentido de receber a forma do discernimento. Olho o horizonte pela janela do meu quarto: o tempo.